0023 - Eu sou O SAL DA TERRA e ninguém me sabe aqui...
Cerca de um mês atrás, assisti "O Sal da Terra", documentário sobre a vida e obra de Sebastião Salgado. Vi pela indicação ao Oscar, e pelo nome do Wim Wenders. A ótica humanista e ecológica do filme me tocaram, mas, para ser honesto, não foi uma marca profunda.
A percepção mudaria ao ler uma reportagem sobre o filme, não se concentrando no foco principal do filme, mas em seu co-diretor: Juliano Ribeiro Salgado, filho de Sebastião.
Então, viajei para Curitiba, e numa visita ao Museu Oscar Niemeyer, vejo em exposição algumas das obras de Salgado, ao lado de minha amiga Lenice. De repente, as obras ganharam dimensões novas, para mim.
Acabo de sair do Centro Cultural Arte Pajuçara, onde revi o filme. E a sensação não poderia ter sido mais diferente.
Claro que eu fui tocado pelos temas retratados anteriormente, mas agora, havia uma identificação com o homem Sebastião Salgado. A sensação de missão a ser cumprida é urgente e pungente - tanto que por isso, ele sacrificou a presença durante os momentos cruciais da formação de seus filhos, e isso jamais será pouca coisa.
Uma coisa curiosa é que a trajetória de Salgado se inicia pelas pessoas - pelas suas situações mais pitorescas, aos perigos de se ser e estar (seja com problemas de saúde, seja afastados do que se convém chamar "civilização", seja em locais perigosos e/ou inóspitos, seja uma amálgama de todas as opções), às considerações inclusive políticas que as fotos podem trazer. E das pessoas, ele parte para os arredores, o ambiente em si - as grandes mudanças (próprias da natureza ou induzidas pela interferência humana), a beleza da vida em suas mais variadas formas, o questionamento em busca de reflexão que as fotos urgem trazer.
Sempre o mais curioso é que a vida parece ser feita de ciclos, realmente. Hoje, Salgado voltou ao ponto de onde sua vida partiu - pro sítio de seus pais e para o convívio familiar em Paris - claro, até que a sua vocação o chame novamente...
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