O Ecourbanista: outubro 2015

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segunda-feira, outubro 26, 2015

0025 - Construindo um Futuro Mais Natural

Como muit@s de vocês devem saber, desde a criação d'O EcoUrbanista, alguns novos blogs surgiram em minha lista: a Biblioteca, a Discoteca e a Filmoteca! Neles, como seus nomes sugerem, busco discutir impressões sobre obras literárias, musicais e de mídia visual.
Pois falando em obras, me foi enviado um link para uma pérola, e lembrei imediatamente tanto da Biblioteca como dO EcoUrbanista. E agora, José? Na dúvida, resolvi postar NOS DOIS! Então, você que está lendo esta postagem aqui nO EcoUrbanista, pode crer: este mesmo post está no ar, ao mesmo tempo, na Biblioteca! Fica a critério de vocês saber qual vai visitar!
E então... vamos aos trabalhos?

Fonte da imagem: http://www.arquitetaresponde.com.br/

Título: Manual do Arquiteto Descalço
Autor: Johan Van Lengen
Editora: Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura – TIBÁ/Empório do Livro
Número de Páginas: 697
Data de lançamento: 2004
Fonte da imagem: https://www.facebook.com/PRIMOJEFF
Lá pelos idos de 2005, eu me encontrava no terceiro ano do curso de Arquitetura e Urbanismo, na UFAL. Eu estava BEM desencantado com o curso, que se aproximava demais duma abordagem mercadológica (foco certo em ambientação e construção civil), e menos em coisas que eu julgo mais relevantes: desenvolvimento sustentável, urbanismo ecológico, planeta para seus habitantes, arquitetura como arte. Me perguntava como um curso que promove a destruição do natural para promover o concreto como solução se encaixa nos meus anseios ambientais - parecia que eu tinha ido buscar a resposta errada no local mais errado ainda. Me encontrava sem horizontes, até o momento em que cruzei com uma belezinha de obra chamada Manual do Arquiteto Descalço. A partir daí, todo o curso ganhou um novo sentido para mim e o curso, embora não tenha fluido tranquilamente, foi bem melhor focado. Encontrei o EcoUrbanismo e me apaixonei, de cara! Gente, eu estava esquecido desta sensação de "eureka", até o dia em que minha amigona Joana Teixeira me enviou um link para um álbum em meu Facebook! Muito obrigado por isso, Jô!
Fonte da imagem: http://www.tibarose.com/
Muita gente me pergunta quais os meus arquitetos favoritos. Tod@s se surpreendem quando Niemeyer não entra na minha lista. Alguns se surpreendem quando falo em Frank Lloyd Wright - acho que eu não devo possuir um perfil muito próximo do criador da Fallingwater. Os rostos entortam quando falo em nomes menos conhecidos fora da rodinha d@s arquitet@s, como Vilanova Artigas (Tom HE💖RTS FAU/USP) e Shigeru Ban (um cabra que fez UMA CATEDRAL DE PAPELÃO!!!). Até @s própri@s arquitet@s me olham com cara de pastel ar de ponto de interrogação quando falo em Miguel Ruano e Johan van Lengen. "Tom, quem é esse João, aí?", me pergunta você, car@ leitor@s ávid@ por satisfação da curiosidade. Johan van Lengen foi o mestre que escreveu esta belezinha de que trataremos hoje, chamada Manual do Arquiteto Descalço. Calmaê, que já vou lhe apresentá-lo apropriadamente no próximo parágrafo!
Fonte da imagem: http://www.metrocuadrado.com/
Johan Van Lengen é óbvio que só podia ser um Arquiteto e Urbanista holandês. Na década de 1970, ele largou uma carreira bem-sucedida nos Estados Unidos e se dedicou à melhoria de condições em habitações populares (não que casas populares não possam render alguma grana, mesmo que pouca em comparação a grandes projetos), o que lhe rendeu trabalhos e parcerias junto a organizações governamentais. Nesta vibe, van Lengen viveu grande parte de sua vida na América Latina (inclusive, a convite da ONU, ele passou oito anos residindo no México).
Johan mora na parte portuguesa da América Latina (também conhecida como Brasil) desde 1987, onde casou, se fixou e fundou na serra fluminense, junto com sua esposa Rose, o Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura – TIBÁ, que busca pesquisar e disseminar técnicas arquitetônicas mais integradas com a natureza. No meio-tempo, foi pesquisador de energia solar na UNICAMP e professor na PUC do Rio de Janeiro. Só isso deve bastar para mostrar que Johan van Lengen é o cara! Não? Deixa dessa!... OK... Então, digo agora: ele hoje é autoridade mundial quando o assunto é bio-arquitetura.
Fonte da imagem: http://odia.ig.com.br/
"Tá, Tom. Você falou, e falou, e falou... mas o que é 'bio-arquitetura', tio?" Armaria, que criança azogada, sô! Calma, que eu já ia chegar lá! É facinho, ó: a bio-arquitetura é um conceito que une ecologia e arquitetura (com sorte, se tornará um movimento, a História dirá) - trata de buscar, testar e mostrar técnicas e maneiras de construção em harmonia com a natureza e os seus recursos, promovendo o equilíbrio entre o meio ambiente e o que chamam de "progresso". Esta imagem aí, ao lado, que eu catei nesta reportagem (que é interessantíssima), dá uma ótima idéia da coisa!
Fonte da imagem: http://www.tibarose.com/
O Manual do Arquiteto Descalço pode ser considerado como um guia de soluções eco-eficientes para p fazer da arquitetura. É uma obra indispensável para a entender e utilizar corretamente tecnologias ecológicas em uma construção. Aqui, Johan propõe explicações sobre contextos climáticos, formas e materiais que capacitam soluções sobre energia, água e saneamento que ajudam na obra, por meio do uso de eco-tecnologias alternativas (telhado verde, placas de energia solares, estrutura para reaproveitamento de água servida e da chuva etc.), promovendo projetos integrados ao seu entorno e adequados ao clima local.
O que eu adoro no Manual é que segue o tipo de escrita que eu curto: é técnico, mas sem ser enfadonho - qualquer pessoa pode ler e ENTENDER o que está escrito, sem mistérios. Todos os desenhos (a maioria, persepctivas) ajudam a explicar ainda mais o texto, o que torna impossível perguntar o famoso "ou quer que eu desenhe?".
Fonte da imagem: http://www.slideshare.net/pamelaxavier7/
Com dez capítulos percorrendo quase setecentas páginas, o Manual do Arquiteto Descalço trata da questão habitacional saindo do blablablá puramente teórico que não raro permeia a academia e apresentando alternativas testadas (e aprovadas, o que é primordial), falando tanto a profissionais quanto a leig@s sobre como combinar técnicas construtivas tradicionais com outras mais modernas. Quer construir um telhado verde? O Manual ensina! Fogão à lenha pr'aquela pizza massa? O Manual também tem! Aquecedor solar? Mas é lógico!...
No melhor estilo Bela Gil: "você pode trocar sua parede de concreto por uma de tijolos feitos da própria terra ou por uma linda estrutura de bambu, por exemplo". Mas bem além da troca, Johan prega que é a "mistura" que traz o tempero certo pra vida urbana: madeira ou o sisal podem sim conviver com materiais como o gesso e o concreto.
Fonte da imagem: http://www.tibarose.com/
O Manual do Arquiteto Descalço nasceu da preocupação de Johan em informar @ consumidor@ final da arquitetura: @ usuári@, @ morador@. No meio do caminho, reeducação de sua própria classe acabou sendo feita indiretamente. Nas palavras do próprio van Lengen:
“Quem mais me inspirou para reunir e compartilhar estes conhecimentos de construção, foi a gente do campo e das zonas “precárias” das grandes cidades. Sua confiança na possibilidade de melhorar suas condições de vida, apesar de todas as dificuldades que enfrentam, foi a base desta obra.”
O nome do livro é inspirado nos “Arquitetos descalços”, os primeiros arquitetos que na antiguidade amassavam a terra com os pés, para preparar os tijolos - uma técnica também ensinada no Manual, como forma de trazer a classe de volta às bases mais rudimentares de nossa profissão, aos contatos mais básicos com a natureza e a uma vida mais sustentável.
Fonte da imagem: http://gifsgallery.com/

Pequeno momento para propaganda!
As técnicas construtivas mostradas no Manual do Arquiteto Descalço não são todas de autoria de van Lengen. Muita gente compartilhou com ele essas experiências,entre eles; Álvaro Ortega, Cláudio Favier, Eduardo Neira, Gabriel Câmara, Gernot Minke, John Turner, Sjoerd Nienhuys, Yves Cabannes. Deste modo, aproveito para agradecer e creditar ao pessoal dos sites SustentArqui, EcoEficientes e Atitude Eco por ter me oferecido a base para escrever este post que vocês lêem agora!

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