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domingo, dezembro 15, 2019

0026 - O que faz um arquiteto? (SE ARQUITETE, MININU! #001)

É com muito orgulho (e apreensão) que mostro a todos vocês este momento de aventura profissional que estou passando. Foi um projeto pessoal que levou muito tempo maturando e planejando, mas está aí, agora, para todos verem.
É o início de um novo canal no YouTube: o SE ARQUITETE, MININU! Será um local para que possamos falar um pouco sobre as atividades de um Arquiteto e Urbanista, mas nos divertindo ao longo do processo.
Espero ter vocês comigo!

segunda-feira, outubro 26, 2015

0025 - Construindo um Futuro Mais Natural

Como muit@s de vocês devem saber, desde a criação d'O EcoUrbanista, alguns novos blogs surgiram em minha lista: a Biblioteca, a Discoteca e a Filmoteca! Neles, como seus nomes sugerem, busco discutir impressões sobre obras literárias, musicais e de mídia visual.
Pois falando em obras, me foi enviado um link para uma pérola, e lembrei imediatamente tanto da Biblioteca como dO EcoUrbanista. E agora, José? Na dúvida, resolvi postar NOS DOIS! Então, você que está lendo esta postagem aqui nO EcoUrbanista, pode crer: este mesmo post está no ar, ao mesmo tempo, na Biblioteca! Fica a critério de vocês saber qual vai visitar!
E então... vamos aos trabalhos?

Fonte da imagem: http://www.arquitetaresponde.com.br/

Título: Manual do Arquiteto Descalço
Autor: Johan Van Lengen
Editora: Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura – TIBÁ/Empório do Livro
Número de Páginas: 697
Data de lançamento: 2004
Fonte da imagem: https://www.facebook.com/PRIMOJEFF
Lá pelos idos de 2005, eu me encontrava no terceiro ano do curso de Arquitetura e Urbanismo, na UFAL. Eu estava BEM desencantado com o curso, que se aproximava demais duma abordagem mercadológica (foco certo em ambientação e construção civil), e menos em coisas que eu julgo mais relevantes: desenvolvimento sustentável, urbanismo ecológico, planeta para seus habitantes, arquitetura como arte. Me perguntava como um curso que promove a destruição do natural para promover o concreto como solução se encaixa nos meus anseios ambientais - parecia que eu tinha ido buscar a resposta errada no local mais errado ainda. Me encontrava sem horizontes, até o momento em que cruzei com uma belezinha de obra chamada Manual do Arquiteto Descalço. A partir daí, todo o curso ganhou um novo sentido para mim e o curso, embora não tenha fluido tranquilamente, foi bem melhor focado. Encontrei o EcoUrbanismo e me apaixonei, de cara! Gente, eu estava esquecido desta sensação de "eureka", até o dia em que minha amigona Joana Teixeira me enviou um link para um álbum em meu Facebook! Muito obrigado por isso, Jô!
Fonte da imagem: http://www.tibarose.com/
Muita gente me pergunta quais os meus arquitetos favoritos. Tod@s se surpreendem quando Niemeyer não entra na minha lista. Alguns se surpreendem quando falo em Frank Lloyd Wright - acho que eu não devo possuir um perfil muito próximo do criador da Fallingwater. Os rostos entortam quando falo em nomes menos conhecidos fora da rodinha d@s arquitet@s, como Vilanova Artigas (Tom HE💖RTS FAU/USP) e Shigeru Ban (um cabra que fez UMA CATEDRAL DE PAPELÃO!!!). Até @s própri@s arquitet@s me olham com cara de pastel ar de ponto de interrogação quando falo em Miguel Ruano e Johan van Lengen. "Tom, quem é esse João, aí?", me pergunta você, car@ leitor@s ávid@ por satisfação da curiosidade. Johan van Lengen foi o mestre que escreveu esta belezinha de que trataremos hoje, chamada Manual do Arquiteto Descalço. Calmaê, que já vou lhe apresentá-lo apropriadamente no próximo parágrafo!
Fonte da imagem: http://www.metrocuadrado.com/
Johan Van Lengen é óbvio que só podia ser um Arquiteto e Urbanista holandês. Na década de 1970, ele largou uma carreira bem-sucedida nos Estados Unidos e se dedicou à melhoria de condições em habitações populares (não que casas populares não possam render alguma grana, mesmo que pouca em comparação a grandes projetos), o que lhe rendeu trabalhos e parcerias junto a organizações governamentais. Nesta vibe, van Lengen viveu grande parte de sua vida na América Latina (inclusive, a convite da ONU, ele passou oito anos residindo no México).
Johan mora na parte portuguesa da América Latina (também conhecida como Brasil) desde 1987, onde casou, se fixou e fundou na serra fluminense, junto com sua esposa Rose, o Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura – TIBÁ, que busca pesquisar e disseminar técnicas arquitetônicas mais integradas com a natureza. No meio-tempo, foi pesquisador de energia solar na UNICAMP e professor na PUC do Rio de Janeiro. Só isso deve bastar para mostrar que Johan van Lengen é o cara! Não? Deixa dessa!... OK... Então, digo agora: ele hoje é autoridade mundial quando o assunto é bio-arquitetura.
Fonte da imagem: http://odia.ig.com.br/
"Tá, Tom. Você falou, e falou, e falou... mas o que é 'bio-arquitetura', tio?" Armaria, que criança azogada, sô! Calma, que eu já ia chegar lá! É facinho, ó: a bio-arquitetura é um conceito que une ecologia e arquitetura (com sorte, se tornará um movimento, a História dirá) - trata de buscar, testar e mostrar técnicas e maneiras de construção em harmonia com a natureza e os seus recursos, promovendo o equilíbrio entre o meio ambiente e o que chamam de "progresso". Esta imagem aí, ao lado, que eu catei nesta reportagem (que é interessantíssima), dá uma ótima idéia da coisa!
Fonte da imagem: http://www.tibarose.com/
O Manual do Arquiteto Descalço pode ser considerado como um guia de soluções eco-eficientes para p fazer da arquitetura. É uma obra indispensável para a entender e utilizar corretamente tecnologias ecológicas em uma construção. Aqui, Johan propõe explicações sobre contextos climáticos, formas e materiais que capacitam soluções sobre energia, água e saneamento que ajudam na obra, por meio do uso de eco-tecnologias alternativas (telhado verde, placas de energia solares, estrutura para reaproveitamento de água servida e da chuva etc.), promovendo projetos integrados ao seu entorno e adequados ao clima local.
O que eu adoro no Manual é que segue o tipo de escrita que eu curto: é técnico, mas sem ser enfadonho - qualquer pessoa pode ler e ENTENDER o que está escrito, sem mistérios. Todos os desenhos (a maioria, persepctivas) ajudam a explicar ainda mais o texto, o que torna impossível perguntar o famoso "ou quer que eu desenhe?".
Fonte da imagem: http://www.slideshare.net/pamelaxavier7/
Com dez capítulos percorrendo quase setecentas páginas, o Manual do Arquiteto Descalço trata da questão habitacional saindo do blablablá puramente teórico que não raro permeia a academia e apresentando alternativas testadas (e aprovadas, o que é primordial), falando tanto a profissionais quanto a leig@s sobre como combinar técnicas construtivas tradicionais com outras mais modernas. Quer construir um telhado verde? O Manual ensina! Fogão à lenha pr'aquela pizza massa? O Manual também tem! Aquecedor solar? Mas é lógico!...
No melhor estilo Bela Gil: "você pode trocar sua parede de concreto por uma de tijolos feitos da própria terra ou por uma linda estrutura de bambu, por exemplo". Mas bem além da troca, Johan prega que é a "mistura" que traz o tempero certo pra vida urbana: madeira ou o sisal podem sim conviver com materiais como o gesso e o concreto.
Fonte da imagem: http://www.tibarose.com/
O Manual do Arquiteto Descalço nasceu da preocupação de Johan em informar @ consumidor@ final da arquitetura: @ usuári@, @ morador@. No meio do caminho, reeducação de sua própria classe acabou sendo feita indiretamente. Nas palavras do próprio van Lengen:
“Quem mais me inspirou para reunir e compartilhar estes conhecimentos de construção, foi a gente do campo e das zonas “precárias” das grandes cidades. Sua confiança na possibilidade de melhorar suas condições de vida, apesar de todas as dificuldades que enfrentam, foi a base desta obra.”
O nome do livro é inspirado nos “Arquitetos descalços”, os primeiros arquitetos que na antiguidade amassavam a terra com os pés, para preparar os tijolos - uma técnica também ensinada no Manual, como forma de trazer a classe de volta às bases mais rudimentares de nossa profissão, aos contatos mais básicos com a natureza e a uma vida mais sustentável.
Fonte da imagem: http://gifsgallery.com/

Pequeno momento para propaganda!
As técnicas construtivas mostradas no Manual do Arquiteto Descalço não são todas de autoria de van Lengen. Muita gente compartilhou com ele essas experiências,entre eles; Álvaro Ortega, Cláudio Favier, Eduardo Neira, Gabriel Câmara, Gernot Minke, John Turner, Sjoerd Nienhuys, Yves Cabannes. Deste modo, aproveito para agradecer e creditar ao pessoal dos sites SustentArqui, EcoEficientes e Atitude Eco por ter me oferecido a base para escrever este post que vocês lêem agora!

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domingo, agosto 16, 2015

0024 - #Sustentabilize

Na tarde deste sábado (dia 15 de agosto), compareci ao auditório do Campus Eduardo Almeida, no CESMAC, para acompanhar o seminário Sustentabilidade: três visões por um ideal, um evento cujo tema é "Conectando atitudes para melhorar o mundo!" e a hashtag #Sustentabilize.
A grande surpresa foi descobrir, ao início do evento, que se trata, realmente, de um trabalho de faculdade. O #Sustentabilize é um trabalho da Turma "E" do curso de pós-graduação em Assessoria de Comunicação e Marketing, na matéria Cerimonial e Protocolo, ministrada pela jornalista Gilka Mafra.

Fonte da imagem: arquivo pessoal do autor

Aguardando o início das atividades
A tarde se iniciou com a fala de Patricia Barroso e Vitor Salessi, sócios da empresa Bem Raiz e membros da comissão do Fórum Sustentável de Maceió. A empresa se especializou em levar práticas sustentáveis ao ciclo de vida das empresas que as contratam, e buscaram passar em seu momento as guias que norteiam suas práticas, destacando o valor da parceria.
Fonte da imagem: arquivo pessoal do autor

Bem Raiz
Como o Fórum Sustentável é parte dos produtos mais queridos de sua empresa e já começa a se tornar um ente e ganhar vida própria - inclusive aparecendo como um dos incentivadores do evento, nada mais natural que Vitor e Patricia fizessem um "merchan" básico do evento - cuja próxima edição está fechada para acontecer no dia 24 de setembro, na semana do Dia Mundial Sem Carro.
Fonte da imagem: arquivo pessoal do autor

Patricia Barroso
Marcela Daher está à frente do Projeto RECOR - de "restauração do rio Coruripe", que trabalha com apoio da Petrobras e do Governo Federal. Como o nome já diz, seu maior foco se encontra na recuperação de matas ciliares e restauração de nascentes da bacia hidrográfica do Coruripe (que abrange os municípios de Coruripe, Teotônio Vilela, Junqueiro, Igaci e Limoeiro de Anadia). Também fazem um trabalho importantíssimo de levantamento de fauna e flora nativas da mata atlântica (alerta de EcoUrbanista in love).
Fonte da imagem: arquivo pessoal do autor

Marcela Daher
Fábio Barbosa, responsável pelo Parque Municipal de Maceió, apresentou uma série de atividades executada pelo Parque (muitas delas com enorme dose de criatividade), e falou abertamente sobre os desafios enfrentados hoje (como problemas com pouca segurança e a poluição das águas que nascem fora das suas cercanias) por este órgão que, até bem recentemente, era ignorado pela maioria esmagadora da população e pelo próprio poder municipal.
Fonte da imagem: arquivo pessoal do autor

Fábio Barbosa
O Parque Municipal funciona muito além do mero prazer contemplativo. Em sua mata, além da fauna e flora selvagem que abriga e das trilhas ecológicas ofertadas, há programas de dança, integração da comunidade e um especialíssimo de ressocialização de menores infratores. Em dado momento, Barbosa mostrou o depoimento de um dos reeducandos que trabalha no Parque, dizendo que ele ajudava a matar animais, e tudo mudou na vida dele após o início de seu trabalho no local - este foi o momento em que meus olhos marejaram e este Ecourbanista ameaçou desabar no meio dos presentes. Ah, estes malditos ninjas cortadores de cebolas...
Fonte da imagem: arquivo pessoal do autor

O momento do debate
Um tema recorrente nas falas de todos os palestrantes foi a necessidade de EDUCAÇÃO AMBIENTAL! Seja como forma de adaptação empresarial aos novos tempos, seja como forma de mostrar novos modos de sustento e manejo da terra para a população, desde os pequenos até os idosos - como foi muito bem pontuado por Marcela Daher: "nenhum trabalho segue sem a inclusão da comunidade." Fábio Barbosa, inclusive, listou merecidamente os trabalhos das queridas Virgínia Miller e Eva Moraes e pontou que a nação e os municípios passam agora por um processo de reestruturação de seus Planos de Educação, onde a presença desta questão se faz imprescindível.
Fonte das imagens: arquivo pessoal do autor

Barroso e Salessi. Barbosa e Daher.
Como evento, em si, o #Sustentabilize foi muito bem pensado, elaborado e executado. A propaganda foi vistosa e simples, com artes belas e divulgação nos pontos e quantidades certos. A equipe de recepção foi cortês e atenciosa - embora eu ainda não tenha entendido o porquê de tantas pessoas em pé entre a mesa de recepção e as cadeiras, visto que houve pouca interação com o público. A decoração foi bem inspirada, com poltronas e namoradeiras aguardando a hora do debate - nenhuma destas fotos que ilustram este post tem efeito, a iluminação estava totalmente verde, mesmo. Meu porém a este ponto foi que, em certos momentos, a vista cansou. Era muita luz verde e branca no palco, enquanto a plateia não teve as luzes acesas até a segunda metade do evento - o que foi um problema para aquel@s que gostam de fazer anotações.
Fonte da imagem: arquivo pessoal do autor

Discussão com a platéia
O único problema real foi o bendito equipamento de som. Todos os envolvidos penaram com microfonia, "soluços" e estouros, mas embora sem uma solução satisfatória, o problema foi endereçado com graça. A Mestre de Cerimônias foi bem competente e seguiu seu trabalho à risca, assim como os encarregados das placas de tempo.Cada palestrante teve vinte minutos para apresentar seus trabalhos, antes de juntar todos em uma discussão com a plateia. Ao final de tudo, o saldo é bem positivo! Eu espero demais que este evento se repita ao menos anualmente.

A turma está de parabéns e, certamente, merece uma nota próxima do dez.

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sexta-feira, abril 17, 2015

0023 - Eu sou O SAL DA TERRA e ninguém me sabe aqui...

Cerca de um mês atrás, assisti "O Sal da Terra", documentário sobre a vida e obra de Sebastião Salgado. Vi pela indicação ao Oscar, e pelo nome do Wim Wenders. A ótica humanista e ecológica do filme me tocaram, mas, para ser honesto, não foi uma marca profunda.
A percepção mudaria ao ler uma reportagem sobre o filme, não se concentrando no foco principal do filme, mas em seu co-diretor: Juliano Ribeiro Salgado, filho de Sebastião.

Fonte da imagem: http://guia.uol.com.br/
Foi ler o depoimento dele abrindo seu coração para a sensação de abandono que ele sentiu na infância e adolescência que acertou os meus botões. Ele fez o filme para saber quem é o homem que vinha a ser o seu pai, e isso tornou "O Sal da Terra" ainda mais belo.
Então, viajei para Curitiba, e numa visita ao Museu Oscar Niemeyer, vejo em exposição algumas das obras de Salgado, ao lado de minha amiga Lenice. De repente, as obras ganharam dimensões novas, para mim.
Acabo de sair do Centro Cultural Arte Pajuçara, onde revi o filme. E a sensação não poderia ter sido mais diferente.
Fonte da imagem: http://www.johndavies.org/
Claro que eu fui tocado pelos temas retratados anteriormente, mas agora, havia uma identificação com o homem Sebastião Salgado. A sensação de missão a ser cumprida é urgente e pungente - tanto que por isso, ele sacrificou a presença durante os momentos cruciais da formação de seus filhos, e isso jamais será pouca coisa.
Fonte da imagem: http://http://www.hypeness.com.br/
Uma coisa curiosa é que a trajetória de Salgado se inicia pelas pessoas - pelas suas situações mais pitorescas, aos perigos de se ser e estar (seja com problemas de saúde, seja afastados do que se convém chamar "civilização", seja em locais perigosos e/ou inóspitos, seja uma amálgama de todas as opções), às considerações inclusive políticas que as fotos podem trazer. E das pessoas, ele parte para os arredores, o ambiente em si - as grandes mudanças (próprias da natureza ou induzidas pela interferência humana), a beleza da vida em suas mais variadas formas, o questionamento em busca de reflexão que as fotos urgem trazer.

Fonte da imagem: http://www.institutoterra.org/
Sempre o mais curioso é que a vida parece ser feita de ciclos, realmente. Hoje, Salgado voltou ao ponto de onde sua vida partiu - pro sítio de seus pais e para o convívio familiar em Paris - claro, até que a sua vocação o chame novamente...

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sábado, dezembro 04, 2010

0022 - Quando as idéias não entram em trânsito...

Ontem iniciou-se, propriamente dito (o coquetel de abertura do evento deu-se anteontem), o Seminário sobre Trânsito e Transporte (TRANS 2010/2020), realizado pela Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Maceió (SMTT), com apoio do Centro de Ensino Superior de Maceió (CESMAC).
O grande foco do evento, como não poderia deixar de ser, é o caótico tráfego maceioense. Uma grande sacada foi chamar representantes dos mais variados setores para discutir o assunto sob o seu ponto de vista e buscar algum diálogo entre eles a fim de se redigir a Carta de Maceió.
Tráfego e trânsito existem desde que o ser humano aprendeu a se locomover. Com o passar do tempo, os meios de locomoção vão se aperfeiçoando (hoje, podemos inclusive nos transportar por vias aéreas e marítimas). Infelizmente, o ser humano teima em não se aperfeiçoar.
Como o jornalista Jorge Moraes bem colocou, a cidade não é planejada para o futuro. No caso específico de Maceió, o caos se instalou no momento em que grande parte da população conseguiu acesso a um veículo automotor e o número destes passou a estrangular as vias citadinas. E desde sempre, as administrações seguem fazendo "remendos" para comportar a crescente frota.
A Promotora Dalva Tenório citou brilhantemente algumas cidades européias como Freiburg, em cujos centros o passeio com automóveis e motocicletas é terminantemente proibido. Isso eu chamo de forte incentivo ao uso de transporte coletivo. Mas o maior passo para se incentivar o uso do transporte de massa é a melhoria deste transporte. Afinal, quem aqui gosta de pegar ônibus para ir onde quer que seja, principalmente se lembrar do estado atual de nossa frota?
Outro tópico interessante foi levantado pelo Secretário do Meio Ambiente Ricardo Ramalho: a existência de árvores em uma cidade não corresponde apenas a enfeite urbano - mais que isso, é conforto ambiental, proteção da natureza e mesmo alívio visual e psicológico aos habitantes (em especial, aos motoristas em um estressante momento de engarrafamento), daí a grande importância das ECOVIAS (me estenderei sobre o assunto num próximo post).
O melhor dito de todo o TRANS saiu dos lábios da jornalista Bleine Oliveira: a população não é educada para dirigir, para ser motociclista, para ser ciclista e tampouco para ser pedestre. Eu diria que, mais que educação no trânsito, falta educação básica, mesmo. Num Estado em que a maioria da população é analfabeta e cuja parcela "educada" se acha no direito de fazer o que quer e bem entende, um veículo acaba transformado em uma arma, especialmente quando aliado a outras armas: branca, de fogo, de destruição em massa, alcoólicas, em pó, semente, em fumo e qualquer outra variante (o que este blogueiro chama de cultura da empáfia - todo mundo vira homem/mulher quando tem um órgão extra para dar coragem).
Algo que chamou muito a atenção deste blogueiro foi a participação de certo maciça - e em alguns momentos particularmente agressiva, embora de nenhum modo sem motivos válidos - de habitantes do bairro do Benedito Bentes e de integrantes da FAMECAL, além da presença do pessoal da Bicicletada de Maceió. Eles reforçam o ponto de que reclamações e questionamentos são mais que necessários para lembrar o poder público dos focos de melhoria.
Um destaque especialíssimo ao "figura" Sérgio, que é, no mínimo, o Rain Man versão Google Maps. O homem sabe os nomes de TODAS as ruas e praças de Maceió!!! E também os nomes completos de todos os palestrantes!!! Fiquei pretérito mais-que-perfeito!!!
Hoje foi o segundo (e último) dia e não poderia ter ocorrido de forma mais desorganizada e desrespeitosa com aqueles que atenderam aos seus dois dias. Além dos constantes atrasos no cronograma (algo infelizmente comum em eventos deste tipo ocorridos nesta área do nordeste brasileiro), a organização cortou o intervalo para o almoço sem avisar aos presentes. Como resultado, muitos dos que saíram no final da pretensa última palestra do período matutino voltaram e deram de cara com o final da ÚLTIMA PALESTRA DO EVENTO.
Quando se achava que não podia piorar... no segundo parágrafo, falei da CARTA DE MACEIÓ - É difícil imaginar que tal carta não foi nem imaginada? O pessoal da organização, por mais bem-intencionado que possa ter sido, esqueceu que nenhum debate se faz com uma pessoa dizendo que a situação está ruim e com outra mostrando projetos e feitos. Urge a existência de idéias, de opiniões outras que não tiveram voz ou vez no TRANS 2010/2020. Fora que o objetivo maior deste evento era a já citada carta. Então, tornou tudo algo pior que superficial – tornou VAZIO.
Ao final, ficou claro a todos que o evento era mais propaganda do trabalho da Prefeitura de Maceió que qualquer outra coisa - evidenciados pelo pouco tempo para cada palestra e da virtual ausência de espaço para uma discussão saudável, o que causou a revolta dos líderes do Benedito Bentes logo no ´primeiro dia, e a de vários presentes hoje, no final. Que a confusão causada nestes dois dias sirva de lição para que a SMTT melhore o cronograma do próximo TRANS - que, espero, não venha a acontecer somente em 2020.

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quinta-feira, novembro 18, 2010

0021 - AVISO DE UTILIDADE PÚBLICA

Quem tiver conhecimento de alguma CRIANÇA portadora de doença do coração que necessite de intervenção cirurgica, entrar em contato com LAURA OLIVEIRA (sec do vice-governador- Dr.Wanderley),pois haverá novo mutirão na Santa Casa de Maceió com médicos dos Estados Unidos, em conjunto com a equipe de Dr Wanderley para realizar as cirurgias.
Fone 82 8833 4047

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segunda-feira, novembro 08, 2010

0020 - Cooperativas de reciclagem

O Estado de Alagoas e o Brasil como um todo viram-se obrigados a "mergulhar" abruptamente no novo mundo globalizado repleto de inovações inesperadas, algumas até inoportunas, principalmente se levarmos em consideração o nosso subdesenvolvimento político e social. Muitas pessoas que desenvolviam trabalhos mecanizados empiricamente, à exceção dos mecânicos e eletricistas de autos, por imposição da nova tecnologia movida a computadores, perderam, inapelavelmente, seus meios de trabalho decentes e tornaram-se, repentinamente, excluídos do mercado de trabalho formal.
O brutal e desumano desenvolvimento do capital a nivel mundial, muitas vezes às custas da exploração dos trabalhadores, tem provocado graves deformações nas vidas das populações subalternas dos países subdesenvolvidos, como é o nosso caso. Essas desigualdades socioeconômicas atestam que nem todas as pessoas têm acesso aos direitos sociais básicos e, portanto, são marginalizadas. É neste cenárioprovocado pelo inconseqüente e desmedido crescimento tecnológico, negado à maioria dos habitantes dos países submetidos a processos lentos de desenvolvimento, que se massificaram, desplanejadamente, as organizações informais - as pessoas desesperadas com a perda da atividade formal partem, sem quaisquer conhecimentos técnicos, para aventuras comerciais e, facilmente, são trucidadas pelo mercado voraz.
Em 1992, aqui em nossa capital, surgiu um novo modelo empresarial, modestamente organizado, numa tentativa de inclusão social das pessoas que sobreviviam abaixo da linha da pobreza: as autogestões de cooperativas de reciclagem do lixo. A pioneira nesse novo tipo foi a Associação dos Moradores do Bairro da Pitanguinha (Ampita); a cooperativa sobrevive, hoje, precariamente naquele bairro; outras surgiram depois: a Cooplum (Cooperativa dos Recicladores de Lixo Urbano de Maceió) no ano de 2001, que foi idealizada pelos moradores da Vila Emater e formada pelos catadores do antigo lixão de Cruz das Almas e a Cooprel (Cooperativa de Reciclagem de Alagoas) que foi fundada em 2004, formada por antigos funcionários da extinta Coobel e que não conseguiram aprovação no concurso público para garis e margaridas naquele ano.
Contrário a quaisquer entendimentos e compreensões racionais e humanísticos, os cooperados sobrevivem precariamente, com algumas ajudas governamentais, é bem verdade, porém insuficientes para emancipá-los social e economicamente. Para termos uma idéia mais clara da situação, as retiradas mensais nessas cooperativas não ultrapassam a metade de um salário mínimo.
Urge que a sociedade, ao se conscientizar da importância do correto descarte do lixo e do trabalho dos catadores, cobre dos gestores governamentais um maior apoio para que as cooperativas de reciclagem cumpram as suas missões e seus cooperados realizem a tão sonhada emancipação humana.

(REUBENS MÁRIO)
Professor do Cesmac
Publicado no jornal Tribuna Independente no dia 05/11/2010, Primeiro Caderno, página 6 (com adaptações feitas pelo editor deste blog).

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