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quinta-feira, janeiro 28, 2010

0010 - Operação apreende redes irregulares

Artefatos de pesca foram retirados pelo Batalhão de Policiamento Ambiental do canal novo da Lagoa Manguaba, em Marechal
A armadilha com rede para camarão é uma setença de morte para qualquer espécie de peixe ou crustáceo que caia na malha fina. É assim que funciona o candango, artefato de pesca predatória que está na mira do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) da Polícia Militar. Só na madrugada de ontem [26/01] uma missão aquática apreendeu cinco candangos colocados no canal novo da Lagoa Manguaba, no município de Marechal Deodoro.
No ano passado, 123 redes como esta foram apreendidas. O comandante do BPA, tenente-coronel Maxwell dos Santos, informa que a pesca com este tipo de artefato é extrememente nociva e configura crime ambiental, com pena de um a três anos de detenção. Em casos mais graves, a punição pode chegar até a reclusão de cinco anos.
O oficial da operação, sub-tenente Edson Ferreira, explica que as pessoas que estavam com a rede fugiram. "Quase sempre, quando você bota o barco do batalhão na lagoa e acende o farol para localizar as redes, os suspeitos fogem", explica Maxwell. A ganância pela pesca do camarão é tanta que os criminosos jogam fora quase todos os peixes malhados na rede, muitos deles ainda alevinos (filhotes).
Como os camarões só saem para se alimentar no escuro e se deixam levar pela correnteza, os acusados chegam a colocar até 20 armadilhas, à noite, para ocupar todo um canal (a popular "boca da barra"). O candango é uma rede com uma grande entrada, que afunila e não tem saída. Segundo Maxwell, a pesca de camarão com candango envolve profissionais e empresários, quase sempre donos de bares e restaurantes da região lagunar que compram o produto.
TIROS E CORDAS
O pelotão aquático do BPA tem uma base avançada no Clube da Motonáutica e realiza rondas 24 horas por dia no complexo lagunar. O trabalho é perigoso. "Já houve reações, ameaças e até casos em que a equipe foi recebida a tiros", explica o subcomandante do batalhão, Capitão Marco Aurélio Costa. Outra manobra dos criminosos é deixar cordas eticadas, no escuro, que podem derrubar os policiais da lancha ou até mesmo matá-los.
O capitão explica que é utilizado um gancho para localizar as redes. "É uma covardia grande. Eles pegam carapebas, camurins, curimãs, siris, mandins, bagres e jogam tudo fora para ficar só com o camarão, os peixes terminam morrendo", lamenta o militar. Cada candango captura até 200 quilos de camarão numa noite.
FISCALIZAÇÃO
A fiscalização depende de outros órgãos, porque o Batalhão Ambiental tem poder de polícia, mas não de autuação que fica a cargo da Marinha, do Instituto do Meio Ambiente (IMA) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), a depender da atividade e do local da fiscalização. Além da questão administrativa, a parte penal é encaminhada para a Polícia Civil. Com o anúncio da recriação da Delegacia Especializada em Crimes Ambientais, o trabalho investigativo deve ser reforçado.
as áreas onde mais se pratica a pesca predatória com bombas submarinas são a Lagoa do Roteiro, a Barra do Rio Camaragibe e o Rio Tatuamunha, em Porto Pedras, em pleno santuário do peixe-boi marinho. Para fazer qualquer queixa sobre pesca predatória, basta telefonar para o disque denúncia da PM ([82] 3201-2000) ou para o celular do supervisor do Batalhão Ambiental ([82] 8833-5879).

(MAURICIO GONÇALVES)
Publicado no jornal Gazeta de Alagoas em 27/01/2010, no caderno Cidades, página A15


Como já falei no post relativo ao blobfish, esses casos de atividade predatória são apenas mais uma parte da faceta destrutiva do ser humano.
Aqui, entramos num processo muito comum que é o caso da pesca a afetar a cadeia alimentar lagunar - e, conseqüentemente, todo o eqüilíbrio do ecossistema local.
A lei (por favor, quem souber, com exatidão, me ajude nos comentários!) estabelece que o período de reprodução deve ser respeitado e a pesca de determinados animais neste tempo é expressamente proibida - no caso específico dos camarões, todos sabemos que não é cumprida. Ou alguém vai dizer que nunca viu aquele camarão tão cheio de ovas que parece até que é preto? Aquilo é um fêmea e vários possíveis filhotes que foram impedidos de nascer e crescer, preservando a continuação da espécie.
A pesca com candango põe não apenas os camarões, mas várias outras espécies em risco - como mostrado na matéria. Sem saída e amontoados, os animais acabam por morrer tentando se livrar da prisão em que se encontram, ou mesmo ficarem à beira da morte - e, por não serem aparentemente úteis, são jogados na água, mesmo - configurando poluição.
Outro ponto que me chama a atenção são as "armadilhas" deixadas contra a polícia - lembra os levantes populares que ocorrem no norte do País (em determinada edição do "Profissão: Repórter", na Rede Globo, a população de uma cidade do Pará - salvo engano - expulsou os policiais da cidade). "Peixes grandes" (com o perdão do trocadilho) não fazem este tipo de coisa com as próprias mãos. Isso é obra dos populares, mesmo - com ou sem mando. E geralmente fazem isso por acreditarem que perderão o seu pão de cada dia. Então, é quase uma tática de defesa. Mas aí entra algo que defendo sempre: a EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
O que a população aparentemente não sabe é que, agora, eles têm o seu pão de cada dia fazendo a pesca predatória, mas nesse ritmo, a lagoa acabará sem vida - portanto, sem o pão. Este é o momento de conscientizar a população local a não compactuar com empresários criminosos e fazê-la entender que a preservação traz mais frutos a longo prazo, e sempre oferece uma válvula extra que talvez nem tenha sido pensada anteriormente.
Um exemplo: no programa "Alagoas Terra e Mar", da TV Gazeta (afiliada alagoana da Globo), foi mostrado um homem que ganhava a vida desmatando a mata atlântica e que se arrependeu de seus atos, passando a preservar um pedaço de mata remanescente - e hoje ganha dinheiro com o TURISMO ECOLÓGICO.
Bem, creio que já falei demais, e o post deve estar demasiadamente grande - eu gosto, mas no mundo cybernético, isso é a morte, eu sei... portanto, paro aqui.
Mas fico esperando seus comentários. O que vocês pensam sobre o assunto? Vocês conseguem ficar na praia sem seu camarãozinho com ovas?

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